Por que é importante identificar e desenvolver habilidades para o empreendedorismo e a inovação?

empreendedorismo

Em um ambiente altamente competitivo, marcado por intensas mudanças tecnológicas e das relações consumidor-empresa-produto, a capacidade de adaptação e resposta eficaz a esse zeitgeist é fundamental para a sobrevivência e relevância de uma organização. E isso precisa ocorrer por meio da inovação. Assim, identificar e cultivar habilidades empreendedoras torna-se uma estratégia necessária para o sucesso.

Mas, por quê? 

O empreendedorismo é o promotor da inovação. É por meio dos indivíduos que demonstram comportamentos e habilidades empreendedoras que surgem soluções inovadoras, oportunidades de impacto e transformações significativas na forma como os produtos e serviços são consumidos ou experimentados. 

Convidamos a TroposLab, consultoria que une inovação, tecnologias digitais e desenvolvimento do comportamento humano, para escrever para a Mapa um conteúdo justamente voltado para habilidades para o empreendedorismo e inovação. Continue lendo o artigo para saber mais!

O significado de empreender 

Antes de discutirmos o comportamento empreendedor, é essencial destrincharmos o que exatamente entendemos por “empreender”, em termos de comportamento. Para alguns, é simplesmente criar e gerir um negócio. Para outros, trata-se de expressar suas ideias no mundo, contribuindo para a evolução da sociedade por meio de novos produtos e soluções que promovam melhorias na vida das pessoas. Alguns ainda associam o ato de empreender exclusivamente a ações realizadas em seus ambientes de trabalho, tais como liderar pessoas, assumir riscos, estabelecer relações e definir metas.

Todas essas definições fazem sentido.  No entanto, um aspecto fundamental a ser considerado sobre o empreendedorismo é que, independentemente da forma específica de como é exercido, trata-se de um ato social. Portanto, empreender se refere a pessoa que percebe problemas e oportunidades no mundo ao redor e investe energia, tempo e dedicação para resolvê-los e explorá-las. Criando, assim, soluções inovadoras que geram valor para quem as consomem ou se beneficiam delas. A ela, é dado o nome de:

Pessoa empreendedora

Nesse cenário, é evidente uma forte tendência por parte das empresas: o desejo de cultivar a inovação e, além disso, que essas inovações apresentem soluções para uma ampla gama de desafios enfrentados pela organização.

Alguns estudiosos até estabelecem um paralelo entre a sobrevivência das organizações e a teoria da evolução. Em outras palavras, aquelas que melhor se adaptam a esse ambiente competitivo e em constante mudança têm maior probabilidade de perdurar. E estão corretas em presumir que, muitas vezes, a resposta está na inovação. Assim, olhar para o comportamento de maneira sistemática e cientificamente embasada nesse contexto se torna uma estratégia inteligente e diferencial.

Por isso, esse assunto tem ganhado tanto destaque nos últimos tempos. O legado do teórico David McClelland é de extrema importância para o desenvolvimento das teorias contemporâneas sobre comportamento empreendedor. De 1951 a 1992, ele dedicou-se a uma série de estudos voltados para compreender a motivação humana. Destaca-se a análise sobre o ato de empreender. A partir desses avanços e do embasamento teórico proporcionado por estudos como os de McClelland, diversas instituições e centros de pesquisa têm se dedicado ao aprimoramento e à atualização do campo do comportamento empreendedor. 

No Brasil, a Troposlab, uma consultoria de inovação, tem se destacado nesse cenário. Com base em estudos na área e em sua vasta experiência na capacitação de milhares de empreendedores, o Núcleo de P&D Empreendedor dessa empresa se dedica ao desenvolvimento de conceitos e estudos sobre o tema. Uma das contribuições significativas desse trabalho é o aprofundamento do conceito de habilidades empreendedoras.

Nesse contexto, foram explorados os pilares e categorias dessas habilidades, fundamentados em uma variedade de estudos sobre comportamento empreendedor e observações práticas. Esse esforço identificou 10 principais habilidades empreendedoras, agrupadas em três pilares distintos: motivação, realização e relação. 

Isso é especialmente importante uma vez que, ao descrever quais ações, atitudes e crenças impulsionam o sucesso, é possível dominar e desenvolver essas habilidades. Como resultado, as chances de sucesso ao empreender aumentam, assim como promovemos mudanças culturais significativas dentro das organizações.

As habilidades empreendedoras 

Uma ideia cada vez mais debatida no campo da pesquisa sobre empreendedorismo é que as pessoas não necessariamente nascem empreendedoras. Essa perspectiva sugere que, se alguém identificou uma oportunidade ou um problema e tem dedicado energia e esforço para concretizar uma solução, ela  precisará desenvolver habilidades empreendedoras para realizar essa empreitada. Dito isto, exploraremos os pilares e habilidades essenciais para quem deseja aumentar as chances de sucesso ao empreender:

A motivação 

O pilar da motivação é fundamental para impulsionar o empreendedorismo. Estar motivado significa sentir-se disposto a seguir em frente, acreditar no que se faz e nos resultados esperados e ter mais razões para agir do que para não agir. Associadas a essas atitudes e sentimentos, destacam-se as seguintes habilidades:

  1. autoconfiança: a capacidade de confiar em sua própria habilidade, especialmente diante de desafios ou oposições, mantendo suas crenças mesmo diante de resultados desanimadores;
  2. coragem para riscos: a habilidade de calcular riscos, avaliar alternativas e manter o controle da situação para controlar os resultados, buscando envolver-se em situações desafiadoras, porém de risco moderado;
  3. comprometimento: a habilidade de manter comportamentos e esforços que beneficiem a sobrevivência e o desenvolvimento contínuo da organização ou do projeto;
  4. persistência: a capacidade de agir diante de obstáculos, adaptando-se quando necessário, mas mantendo-se firme em direção aos objetivos e metas estabelecidos.

A realização 

O pilar de realização engloba as habilidades do empreendedor para aumentar a probabilidade de alcançar seus objetivos, incluindo o planejamento, a busca por oportunidades, a aprendizagem contínua e a criatividade. É o conjunto de ferramentas que o empreendedor utiliza para descrever o que precisa ser feito e para desenvolver estratégias, planos e técnicas que contribuam para o sucesso de seus empreendimentos:

  1. planejamento: é a habilidade de estabelecer prazos, estratégias e modos de execução para atividades, tarefas e objetivos;
  2. busca por aprendizagem: é a capacidade de manter-se atualizado com informações sobre clientes, concorrentes e sobre o próprio desenvolvimento de habilidades técnicas e empreendedoras;
  3. busca por oportunidades: diz respeito a identificar e criar novas oportunidades de negócio, incluindo produtos, serviços e formas de expansão;
  4. criação inovadora: é sobre resolver problemas de maneira criativa, desenvolvendo soluções eficazes por meio de uma investigação aprofundada.

A relação

O pilar da relação refere-se às habilidades do empreendedor em interagir eficazmente com outras pessoas, inspirando-as e orientando-as na realização de projetos e ideias. Isso envolve a busca e orientação de contribuições para um projeto, ideia ou negócio e a promoção da colaboração:

  1. formação de rede: é a habilidade de estabelecer conexões e manter uma rede de relacionamentos para buscar contribuições e colaboração em projetos e negócios, facilitando a identificação de oportunidades e a expansão do empreendimento;
  2. liderança: é a habilidade de influenciar indivíduos de forma positiva, motivando-os na execução de ações para alcançar objetivos específicos. Liderança eficaz desempenha diversos papéis essenciais para o sucesso do negócio.

Desenvolver uma postura empreendedora, caracterizada por essas habilidades, impulsiona significativamente os resultados de empresas e startups. Essa postura se traduz em uma série de benefícios tangíveis para a organização, tais como:

  • mais eficiência na execução de projetos: a organização e o planejamento meticuloso, inerentes ao comportamento empreendedor, garantem a otimização de recursos e prazos, resultando em projetos finalizados com excelência e dentro do tempo previsto;
  • cultura de inovação: a busca incessante por novas ideias e soluções, impulsionada pelo espírito empreendedor, cultiva um ambiente propício à criatividade e à experimentação, gerando inovações incrementais e/ou disruptivas que colocam a empresa à frente da concorrência;
  • expansão de redes de contatos e colaboração: o empreendedorismo incentiva a construção de relacionamentos potentes com parceiros, clientes e outros agentes do mercado, abrindo portas para novas oportunidades de negócios e colaboração em projetos inovadores;
  • engajamento dos colaboradores: o sentimento de realização,  autonomia e protagonismo, proporcionado pela cultura empreendedora, contribui para a retenção de talentos e a construção de um time coeso e motivado. Além disso, impacta, também, a sensação de  por parte da instituição, das lideranças e dos pares.
  • fortalecimento da cultura organizacional: a adoção do comportamento empreendedor contribui para a solidificação de uma cultura organizacional forte e preparada para as exigências de clientes e mercados,capaz de impulsionar o crescimento e a sustentabilidade da empresa.

Em suma, o comportamento empreendedor é um diferencial importante para o sucesso e o crescimento sustentável de qualquer organização. Empresas e startups se posicionam estrategicamente para prosperar ao cultivarem essas habilidades e fomentarem uma cultura propícia à iniciativa e à inovação.

Conclusão

Se hoje enfrentamos desafios para compreender e lidar com as mudanças, é fundamental nos prepararmos para nos sentirmos confortáveis no futuro.

 Embora algumas organizações pareçam sólidas e estáveis, os processos, a gestão e os problemas atuais podem prejudicar a capacidade de adaptação delas às novas demandas do mercado e dos clientes, resultando na falta de um diferencial competitivo. Ainda, observamos a frustração de colaboradores conscientes da necessidade de mudança, que reconhecem os problemas e anseiam por contribuir com soluções inovadoras, mas muitas vezes se deparam com um ambiente pouco receptivo ao empreendedorismo e à experimentação.

Voltar ao passado é impossível. O que está em nossas mãos HOJE é o poder de tomar decisões que maximizem o potencial para favorecer a sobrevivência das organizações, preocupando-nos com os interesses humanos e a vida no planeta. Essas decisões incluem identificar e desenvolver habilidades para o empreendedorismo.

Após a leitura deste artigo, convido você a refletir sobre sua trajetória profissional e pessoal. Diante dos desafios em sua carreira, do seu papel em uma empresa – seja como colaborador ou como uma liderança –, bem como nos seus planos para a vida, você identifica traços de comportamento empreendedor em suas ações?